Todo mundo ou, pelo menos, quase todos os seus colegas de escola, tiveram seu dia de surpresa, e a surpresa era o destaque máximo que se podia desejar naqueles tempos. Alegria não, era coisa corriqueira. Fazia parte do dia a dia daquela meninada, nas cantigas de roda, nas brincadeiras com bola durante o recreio, nas amarelinhas, ou até mesmo no final do dia, quando terminavam as atividades escolares e saíam todos apressados pelo caminho em direção às suas casas, subindo numa árvore para observar ao longe, ou em um bambu para servir de gangorra. Eles, para quem o pôr do sol era um capricho, ainda aproveitavam o último suspiro de luz para atravessarem o riacho que corria paralelo à estrada. Nadava-se para ver o grau de resistência de cada um, jogava-se o pique de esconder, o pique sem pique, o jogo de finco, e bola de gude.